Atravessar um Oceano de Avião é Muito Louco

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Da primeira e última vez que eu escrevi sobre viajar sozinha eu comecei o texto falando como era uma sensação estranha a de estar tomando esse passo. Hoje, bastante tempo depois, eu peguei outra viagem sozinha. Não foi a primeira dessa sobre a qual escrevi, mas foi a primeira para fora do país. Não só para fora do Brasil como também para outro continente! Atravessei um oceano inteiro! Eu já comecei a ficar me sentindo uma vitoriosa só por ter conseguido ficar nove horas sentada em um avião, atravessando o oceano Atlântico inteiro. Era incrível, apesar dos temores de acidentes e explosões que uma pessoa que ouve notícias de jornal demais sempre deve ter. (Ao menos eu tenho, né, vai saber o que vai acontecer.)

Eu desci do avião em Madrid somente para fazer a transferência e só de respirar o oxigênio do outro lado do mundo. Era uma sensação estranha de desconhecimento. A língua que as pessoas falavam ao meu redor era diferente, todas correndo e me atravessando com diferentes sotaques e menções. O jeito como os objetos se colocavam no aeroporto eram diferentes. Olha, o aeroporto de Madrid tem até um trem dentro dele! Um trem que conecta as duas plataformas (ao menos eu acho que são, espanhol é difícil!) do aeroporto foi muito animador enquanto eu me preocupava se as minhas malas tinham sido perdidas e carregava todas as minhas coisas com um frio congelante. Como faz frio nesse inferno de lugar, por tudo que é mais sagrado!

Estar no aeroporto em solo espanhol foi uma sensação de nervoso atrás da outra. Primeiro nervoso sem saber pela minha bagagem, depois nervoso por estar ansiosa pelos questionamentos, depois não conseguir achar o portão de embarque para o próximo voo. Até uma máquina de suco de laranja automática estava me deixando nervosa por eu não saber se ela iria me dar troco de verdade ou só engolir o meu dinheiro. (ALIÁS QUE MÁQUINA MARAVILHOSA, pena que eu nem bebi dela.) Ao final, acabei não fazendo absolutamente nada além de ficar sentada na frente do meu portão esperando a hora de embarcar para o meu próximo voo, de Madrid para Lisboa.

Outro aeroporto logo depois e mais confusão. Apesar de Portugal e eu falarmos a mesma língua, eu não conseguia entender absolutamente nada do que as pessoas diziam. Todos pareciam estar correndo e falando com uma batata enorme na boca, mas acabei me acostumando à “verdadeira língua portuguesa” como a xenofobia local já me fez entender. Era tudo estranho e diferente, tudo complicado e acontecia com uma rapidez diferente do que eu estava acostumada a lidar com. E, olha, o Brasil é bem rápido! Só que aqui parecia haver uma rapidez lenta, uma maneira diferente de estarem todos correndo.

Eu me encaminhei andando com passos firmes e inquietos na direção do lugar onde pegaria a minha mala. Aqueles pensamentos comuns de que a minha mala certamente teria se perdido no trajeto me pegando pelo cangote, claro. Acho que não tem como você viajar sem ficar pensando nisso, mesmo que seja uma viagem pequena. Imagina em uma viagem grande! Parece repetitivo, mas eu CRUZEI O OCEANO! Esperei ao lado das esteiras por bastante tempo, inquietude tomando o lugar da calma que eu tentava transparecer. Com um barulho de queda, a mala despencou pela esteira rolante e eu lhe peguei como se ela pudesse ser roubada naquele instante. Minhas coisas, todas minhas!

Mas, no final, viajar sozinha foi uma sensação estranha, especialmente para uma viagem tão grande. Tudo parecia se revelar na minha frente como uma flor que se abre na primavera. E quando eu encontrei quem vinha me buscar nos portões do aeroporto e fomos tomar um starbucks, senti um alívio de quem tinha passado por uma espécie de vitória.